História


Por Elis de Sisti Bernardes


As terras onde atualmente se localiza o município de São João do Itaperiú eram habitadas por índios Guaranis. Nessa região passava um dos caminhos utilizados pelos índios ao se deslocarem do interior do continente até a costa, denominado Peabiru. Itaperiú é uma palavra de origem tupi guarani e era utilizada pelos índios ao se referirem ao rio que banha o lugar.

A região recebeu seus primeiros povoadores a partir de 1810. Naquela época, o território que atualmente pertence ao município de São João do Itaperiú era inteiramente virgem, encontrando-se apenas alguns poucos moradores nas margens do rio Itapocu. A região era então denominada de Sertão do Itapocu.

Em 1845, o engenheiro militar Jerônimo Francisco Coelho foi designado para proceder a medição das terras dotais da Princesa Dona Francisca, localizadas na região dos atuais municípios de Joinville, Araquari e Guaramirim, entre os rios Pirabeiraba e Itapocu, nas proximidades da baía de São Francisco. Jeronimo Francisco Coelho percorreu a região e no mapa de demarcação e medição das terras da colônia Dona Francisca, que compreende os terrenos adjacentes, elaborado por ele em 1846, o Rio Itaperiú aparece representado cartograficamente, sendo uma das primeiras menções ao rio já encontrada, com seu nome grafado como "Ribeirao do Itaperiu". Neste mapa aparece o desenho de dois rios que se unem formando um só, desaguando no Rio Itapocú.

Dentre os primeiros proprietários de terras no Rio Itaperiú, ainda em 1846, estão José Zeferino de Azevedo, José Conrado Moreira e João Furtado Miguel.

Com a chegada dos primeiros moradores, foi fundada a comunidade do Itaperiú, nas margens do rio Itaperiú e posteriormente do rio São João, rio mencionado em documentos ainda em 1883. Com a chegada desses povoadores, os índios botocudos, que ocupavam a região fugindo da perseguição em outras regiões do país, passaram a ser denominados de "bugres" e eram vistos como uma ameaça, assim como esses novos povoadores para os índios, o que resultou na ocorrência de desavenças entre brancos e bugres e os índios foram pouco a pouco se afastando da região.

As terras do Itaperiú passaram a pertencer oficialmente à São Francisco do Sul no ano de 1861, sendo incorporadas ao distrito da Barra Velha de Itapocú, uma freguesia com a invocação de Glorioso São Pedro de Alcântara e Virgem Imaculada Nossa Senhora da Conceição. Em 1876, o distrito de Barra Velha foi incorporado ao município do Paraty, até que em 1881, se desligou e voltou a ser distrito de São Francisco. No ano seguinte, o distrito foi anexado novamente ao município do Paraty.

A partir de 1860 o Itaperiú passa a receber novos povoadores, em sua maioria descendentes dos açorianos que chegaram ao litoral catarinense entre os anos 1748 a 1756, em maior parte provenientes de Camboriú e Itajaí. Surgiram então as primeiras indústrias, engenhos de serrar movidos a água, engenhos de pilar arroz, e os primeiros comércios de fazendas e secos e molhados.

Nos descendentes de açorianos que ali moravam já se observava a grande devoção à São João. Uma das primeiras capelas construídas na região, ainda em 1759 e que ainda encontra-se erguida, localizada na atual cidade de Penha, tem como padroeiro São João Batista, e atendia toda a região entre Camboriú e Barra Velha. Um dos primeiros relatos da fé dos habitantes da região ao santo data do ano 1865, quando um naufrágio envolvendo alguns combatentes que regressavam da Guerra do Paraguai ocorreu na costa de Barra Velha. Sendo 24 de junho, dia de São João, os náufragos salvaram-se graças à enorme fogueira que ardia em terra firme.

Nessa época todo o acesso terrestre era extremamente deficitário, as estradas eram picadas abertas no meio do mato. Basicamente todo o fluxo de mercadorias e comunicação era feito por embarcações de cabotagem que intermediavam o comércio local com os portos da região. A população era em sua maioria constituída por lavradores e sustentada pela agricultura e criação. Plantava-se mandioca, cana, milho e feijão. A produção de farinha de mandioca e açúcar constituíam as principais atividades econômicas.

Em 1896 foi concluída a estrada que liga Massaranduba ao Itaperiú. Até o fim do século XIX, a região do atual município era composta pelas localidades do Itaperiú, São João, Ai, Limoeiro, Morro dos Monos e Ribeirão do Salto. As celebrações da igreja católica, principal religião, ocorriam na casa dos moradores, em grande parte no oratório particular de Domingos José de Borba.

No início do século XX começaram a chegar os imigrantes europeus. Em sua maioria italianos, alemães e poloneses, já estabelecidos na região, principalmente das vizinhas Luiz Alves e Massaranduba. 

Assim, um italiano de nome João Baptista Dal Ri, que morava em Luiz Alves, decidiu mudar-se para o Itaperiú. Comprou uma grande área de terra, onde hoje é o Centro da cidade, com a intenção de vender pequenos lotes e criar ali uma comunidade. A pequena vila precisava de uma igreja, que foi construída no terreno doado por ele. Sua família era muito devota à São João Batista, Santo da paróquia de sua cidade natal, Trento, na Itália, tanto que quando nasceu recebeu o nome do padroeiro. A comunidade do Itaperiú já possuía o rio de nome São João, quando em 1916 a nova capela ganhou a imagem de São João Batista, trazida de São Paulo por João Baptista Dal Ri. Assim, o Santo foi elevado Padroeiro da localidade, vindo mais tarde a comunidade do Itaperiú a ser associada ao padroeiro, passando a ser chamada de São João do Itaperiú.

No ano de 1923, após muitos anos de vida autônoma, Paraty perdeu a condição de município e voltou a fazer parte de São Francisco do Sul. Durante este período Paraty era administrada por um Conselho Municipal, uma espécie de Câmara de Vereadores, composto por cinco membros: Crispim Henrique Ferreira (presidente), Jovenal Pereira Walter, Hercílio Rosa, Onofre José Bernardes e Emílio Manoel Junior. Crispim, morador no Ribeirão do Salto e Onofre, no Itaperiú. Em 1925, o distrito voltou à categoria de cidade. Em 25 de maio de 1925 houve a mudança da sede da intendência municipal, que passou de Barra Velha para São João do Itaperiú. Já em 1926, o distrito de Barra Velha estava sob a jurisdição político-administrativa do município do Paraty, que se emancipou definitivamente. Em 1943, o município do Paraty passa a se chamar Araquari.

Em 1956 foi criado o município de Barra Velha. Neste ano toma posse o primeiro prefeito, que governou até 06 de maio de 1957, quando Barra Velha voltou a ser distrito de Araquari. A emancipação definitiva ocorreu no dia 07 de dezembro de 1961. São João do Itaperiú passa a fazer parte do município de Barra Velha, que com sua emancipação, desmembra-se de Araquari. Foi nomeado para prefeito o senhor Thiago Aguiar. Em 1963 é realizada a primeira eleição, quando foi eleito prefeito pelo voto direto, Bernardo Aguiar. À época, a localidade de São João do Itaperiú possuía forte representatividade política, elegendo três, dos seis vereadores. Em 1965 é criado o distrito de São João do Itaperiú, subordinado ao município de Barra Velha, que passa a ser constituído de dois distritos: Barra Velha e São João do Itaperiú.

Por volta deste mesmo ano o Governo liberou verbas para empréstimos aos agricultores. Com isso houve grande produtividade e consequentemente a queda dos preços, o que não possibilitou aos agricultores o pagamento de suas dívidas. Muitos dos agricultores tiveram que vender suas terras e migrar para centros maiores, momento em que houve grande êxodo rural em São João do Itaperiú. Por conta da estagnação que se encontrava na localidade, este êxodo rural continuou ocorrendo.

Por receber pouca assistência do Município Sede, um grupo de pessoas se uniu em torno da conquista da independência da localidade, conseguindo-a depois de muitos anos de luta. A emancipação de São João do Itaperiú ocorreu no dia 29 de março de 1992, através da Lei nº 8.549, desmembrando-o de Barra Velha. No dia 03 de outubro do mesmo ano, através de eleição direta, elegeram-se para compor o Poder Executivo, o Prefeito José Acácio Delmonego e o Vice-Prefeito Alzerino Bernardes, sendo o município definitivamente instalado administrativamente no dia 1° de janeiro de 1993.

Após a emancipação do município o número de pessoas que deixa a cidade em busca de melhores oportunidades ainda é representativo, entretanto o município recebe migrantes constantemente, oriundos em sua maioria do estado do Paraná.

Boa parte do passado histórico da antiga localidade, hoje município de São João do Itaperiú, não consta registrada em documentos legais, ou estes ainda são desconhecidos, ficando guardada apenas na memória dos moradores mais antigos, perdendo-se pouco a pouco com o passar dos anos. Buscamos aqui o resgate desta história.

Observação: Esta história está em construção!

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


- Leis e fatos sobre o território itaperiuense