Elvira Faria Passos


Por Elis de Sisti Bernardes


Elvira Maria de Faria nasceu aos 20 dias do mês de julho de 1907, na localidade Fazenda, no município de Biguaçu, em Santa Catarina, filha de Alfredo José de Faria e de Maria Candida de Faria, naturais de Biguaçu. Neta paterna de José Claudino de Faria e Eulalia Maria de Faria e materna de Candido Justino Garcia e Maria Manoela de Assis. Elvira foi batizada na Matriz de São Miguel, no dia 21 de dezembro de 1907. Seus padrinhos foram Bellarmino Machado de Souza e Lucia Lina de Souza. 

Iniciou o curso primário na Escola da localidade onde nasceu, no ano de 1914, data da fundação desta Escola, sendo sua primeira mestra a Professora Dona Maria Amélia de Souza. Demonstrando desde criança vocação para o magistério, foi enviada por seus pais para Biguaçu onde concluiu o curso primário na Escola Reunida daquela cidade. 

Nos dias 20 e 21 de dezembro de 1922, com apenas 15 anos, prestou exames na Escola Normal de Florianópolis, num concurso existente na época para a vaga de professor provisório estadual. 

Aprovada com nota 7, no dia 12 de abril de 1923 foi nomeada pelo Vice-Governador Coronel Antônio Pereira da Silva e Oliveira, então no exercício do cargo de Governador do Estado, para a Escola de Estrada da Penha, no município de Paraty, recebendo os vencimentos anuais de 1.188$000 (um conto e cento e oitenta e oito réis).

Em menos de um mês, no dia 02 de maio de 1923, uma resolução determinou sua remoção para a Escola de Pedras Brancas, também no então município de Paraty, mas em 26 de junho a emissão de uma nova resolução tornou sem efeito a que pedia sua transferência.

A viagem da casa de seus pais até o local onde ficava a escola foi pontilhada de dificuldades, pois naquela época praticamente não existiam veículos. A viagem foi feita de carroça, em três dias, mesmo percurso que hoje, de automóvel, é feito tranquilamente em duas horas. Os primeiros meses foram de luta e sacrifícios, tendo então a jovem e inexperiente professora que enfrentar as dificuldades naturais de uma região rude e desconhecida. Mas dotada de espírito pioneiro, logo integrou-se definitivamente à população local. 

No Itaperiú, conheceu José Augusto do Passos, nascido no dia 31 de janeiro de 1892, no Itapocú, filho de Augusto Julio dos Passos, natural de São Francisco e de Lydia Rosa da Silveira Passos, comerciantes e moradores no Itaperiú. 

Aos 19 anos, no dia 06 de outubro de 1924, Elvira se casou com o comerciante e sapateiro José Augusto, de 32 anos. O casamento foi na casa de Manoel José de Faria, no Itaperiú, e foi realizado pelo juiz de paz Julio Henrique Ferreira. Foram testemunhas, Abilio Augusto dos Passos, Manoel José de Faria e Durcelina Belmira de Faria. Entre os presentes também estavam Alfredo José de Faria, pai de Elvira, Augusto Julio dos Passos e Primitivo Julio dos Passos, o pai e o irmão de José Augusto. 

Com o casamento, passou então a assinar-se Elvira Faria Passos e assume também a responsabilidade de dona de casa e a de ajudar o marido no comércio. O casal possuía um comércio de fazendas (tecidos), secos e molhados em São João do Itaperiú, que fornecia boa parte dos produtos para as famílias do lugar. 

Em 1925 foi transferida a seu pedido, para a então Escola Desdobrada Getúlio Vargas ficando responsável pelos dois turnos, matutino e vespertino. Nos anos seguintes foram por ela criadas as Associações Escolares ainda existentes no mesmo estabelecimento. 

Em 1928 solicitou 30 dias de licença sem vencimentos, que lhe foi concedida no dia 05 de outubro de 1928 pelo Dr. Cid Campos, Secretario do Interior e Justiça do Estado. 

Elvira e José Augusto tiveram três filhos: Nacir, a Cici; Nadyr e Ademar José dos Passos, o Mazico. Em 16 de setembro de 1930 nasce a filha Nacir dos Passos, conhecida por todos como Cici. Em 1930 nasceu o filho Ademar, que em 1951 casou-se com Dorinha e hoje vive em Barra Velha. 

Seguindo o exemplo da mãe, o filho Ademar também ingressou no magistério, tornando-se mais tarde farmacêutico e prefeito de Barra Velha nos anos 70 e a filha Nacir foi professora desde os seus 15 anos, lecionando por mais de 25 anos, dentre estes atuou como diretora por sete anos. Elvira também teve netos professores. 

Já em 1948, após 25 anos de serviço prestados ao magistério, Elvira foi aposentada, por ato do então Governador Aderbal Ramos da Silva. 

No dia 13 de julho de 1967, a sua antiga escola é elevada a categoria de Grupo Escolar e no dia 28 de maio do ano de 1968 o governador do Estado, Ivo Silveira, em reconhecimento aos serviços prestados pela professora e, como estímulo aos atuais professores, denomina-o Grupo Escolar Professora Elvira Faria Passos, hoje Escola de Educação Básica Professora Elvira Faria Passos. 

Em sua modesta casa, em companhia de seu esposo, costumava observar ao longe, a escola onde tantos educou e, dizia: "... me delicio em ver minha Escola em tão bonito prédio florido pelos uniformes das crianças e dos adolescentes". 

No dia 13 de setembro de 1980, José Augusto faleceu, aos 88 anos, vítima de insuficiência cardíaca coronariana, deixando Elvira viúva. José Augusto foi sepultado no Cemitério de São João Batista, em São João do Itaperiú.

Pintura da Professora Elvira Faria Passos exposta na Escola que leva seu nome

Elvira Faria Passos faleceu no dia 19 de junho de 1981, com 73 anos, sendo sepultada no Cemitério Municipal São João Batista, em São João do Itaperiú.





Referências

- CARTÓRIO CIVIL. Livros de registros.
- IGREJA CATÓLICA. Livros de registros.
- JORNAL REPÚBLICA. Florianópolis, 1922-1928.