Gastronomia


Por Elis de Sisti Bernardes


No início de sua povoação, no século XIX, a gastronomia era baseada na culinária açoriana, adaptada aos ingredientes nativos ou até então trazidos ao país, acrescentada aos alimentos, práticas e temperos indígenas. Os moradores, em sua grande maioria lavradores, plantavam, coletavam e produziam seus próprios alimentos e trocavam os alimentos que tinham em excesso pelos que não possuíam.

A mandioca era a base da alimentação dos índios e com eles os primeiros colonizadores do Brasil aprenderam a consumir e produzir os alimentos derivados dela. Da mandioca se extraía a farinha que era utilizada em muitos pratos. O pirão tornou-se um prato típico da região. A farinha de mandioca misturada apenas com água formava o "pirão d'água", ou quando misturada ao feijão, o "pirão de feijão". Com a farinha também se produziam vários pratos, como o biju, o cuscuz e a rosca. Esses alimentos ainda são produzidos e consumidos no município e tornaram-se pratos típicos da cidade.

Da cultura indígena, os moradores também incorporaram à sua alimentação o consumo de carne de caça, peixes e frutas, pois se fazia necessário se manter com os alimentos que tinham disponíveis, por conta da dificuldade de acesso e distribuição das mercadorias.

Além da carne de caça, os primeiros moradores mantinham suas criações de animais, alimentando-se da carne de gado, porcos e aves e de produtos derivados deles, como o leite, o queijo e os ovos, além da gordura animal, utilizada também na conservação dos alimentos. Por ser a carne um alimento muito perecível, uma das práticas muito utilizada era o preparo do charque, onde a carne sofre um processo de desidratação, durando um período muito maior.

O surgimento dos primeiros comércios, os armazéns de secos e molhados e o aumento do tráfego de comerciantes itinerantes começava a facilitar o acesso a outros tipos de alimentos.



No início do século XX, com a chegada de migrantes de diferentes etnias houve a introdução e adaptação de seus pratos típicos na alimentação. Na mesa das famílias de origem italiana era comum a presença das massas, como o pão, o macarrão e a polenta.

Pela proximidade com o litoral, os peixes de água salgada e os frutos do mar também se faziam presentes na mesa do itaperiuense. Os pescadores da Barra Velha enchiam seus balaios com peixes e siris e no Itaperiú os trocavam por farinha, batata, galinhas e até por leitões.

Com o passar dos anos, foram surgindo tecnologias de armazenamento de produtos, surgiram novos produtos. O arroz e feijão passou a fazer parte do dia a dia, assim como o macarrão e o churrasco e a maionese dos domingos.

Com a vinda de migrantes de outros estados nas últimas décadas, também houve a influências da culinária destes, principalmente dos vizinhos Rio Grande do Sul e Paraná, com o churrasco, o chimarrão, o carreteiro e o barreado.

Atualmente, os industrializados e produtos de preparo rápido se fazem cada vez mais presentes na alimentação dos itaperiuenses. Com a globalização, a culinária de diferentes países são introduzidas aos poucos na alimentação, como a lasanha e a pizza italiana, os fast-foods norte-americanos e os sushis japoneses.



Referências

SOUZA, Angelita Borba de Souza. Saiba quem foi Odorico Magalhães. Voz do Itapocú. Barra Velha, p. 13. 08 jun. 2013.