Os italianos e seus descendentes


Por Elis de Sisti Bernardes


Em 1874 o Governo Imperial Brasileiro autorizou a execução do "Contrato Caetano Pinto", para introdução de 100.000 imigrantes no Brasil, propiciando a muitos italianos condições mínimas para imigrarem para o Brasil.

A partir de 1875, fugindo da fome e da miséria que se instalara na Itália, centenas de emigrantes deixaram sua terra natal em direção a América. Muitos deles foram enviados para Santa Catarina.


1. Colônia Luiz Alves

A Colônia Luiz Alves foi fundada em 1877, ano em que lá chegaram os primeiros imigrantes italianos. Localizada nas imediações do rio Luiz Alves, afluente do rio Itajaí-Açu, era inicialmente composta de 52 lotes, medindo cada um 275 x 1.100 metros. 

Os imigrantes italianos chegavam ao Brasil no Porto do Rio de Janeiro e de lá eram encaminhados para seus destinos. Os que chegavam ao Porto de Itajaí eram encaminhados para a Colônia Brusque ou para a Colônia Luiz Alves, permanecendo por poucos dias em um barracão em Itajaí.

No barracão dos imigrantes, através do intérprete, eram negociados os lotes e acertados os acordos com o Inspetor de Terras que representava a Província e o agente colonizador. Júlio Grothe era o responsável pelo núcleo colonial Luiz Alves.

Os imigrantes que tinham como destino Luiz Alves partiam de Itajaí em uma jornada rio acima. Partiam do Itajaí Mirim, onde estavam alojados e em embarcações empurradas a varejão, subiam o Itajaí-Açu. Nas imediações de Ilhota, entravam na barra do rio Luiz Alves. As balsas encaminhavam-se para o Rio do Peixe, localidade à foz do rio de mesmo nome, onde havia um porto para transporte de madeira. Passando pela foz do Ribeirão das Canoas, as balsas chegavam às proximidades do Salto Grande. Neste local a viagem por água era interrompida, pois o rio tornava-se intransitável devido às inúmeras quedas. Iniciava-se então outra jornada por terra, sempre margeando o rio, a pé pelo picadão da mata. Os animais cargueiros auxiliavam no transporte dos pertences até a confluência dos rios Luiz Alves e Serafim, onde ficava o barracão de imigrantes, em uma clareira aberta na mata virgem. O galpão tinha 45 metros de comprimento e 9 de largura, depois mais 15, fechado com tarimbas, com a capacidade para abrigar até 500 pessoas.

A partir de então todos eram encaminhados para seus lotes, permanecendo um curto período no barracão. Começava então uma nova jornada para as famílias, começar a nova vida em um terreno em mata virgem, ainda sem casa, sem nada, com o pouco que conseguiram trazer da Itália.

Os principais problemas enfrentados pelos imigrantes foram: infestação de borrachudos, diarréia, calor, distância das cidades vizinhas, abandono da colônia pelos dirigentes, a colonização mista e sem planejamento, e a inexistência de líder interessado pelo progresso da colônia.

Em 1880 a colônia foi extinta. De 21 a 27 de setembro de 1880 houve uma grande enchente, que matou 25 pessoas. O governo prestou socorro apenas por dois meses. Por esses e outros motivos, muitas pessoas abandonaram a colônia.

As primeiras famílias italianas que se instalaram no Itaperiú vieram de Luiz Alves, como os Dal Ri, de Sisti, Del Monego, Melchioretto, Piaz, Ronchi e Tomaselli.


2. João Baptista Dal Ri

No início do século XX, um italiano de nome João Batista Dal Ri estabeleceu-se na comunidade. Sua família era muito devota à São João Batista, tanto que quando nasceu recebeu o nome do Santo. Assim, quando em 1916 foi construída a primeira capela, levou o nome e imagem de São João Batista, elevado Padroeiro da localidade, vindo mais tarde a cidade a levar o nome do rio e do Santo, passando a se chamar São João do Itaperiú.

- Biografia de João Batista Dal Ri


3. Padre Sebastião Scarzello

Dentre os padres italianos que a comunidade itaperiuense recebeu, Padre Sebastião Scarzello se destaca por ter morado em São João do Itaperiú.

Sebastião Scarzello nasceu em Turim, na Itália, no dia 05 de maio de 1880. No ano de 1912 veio para o Brasil. Em 1929 chegou a Joinville, onde trabalhou por muito anos. Em 1936 integrou-se no colégio dos padres, no Morro dos Monos, em São João do Itaperiú. Em fevereiro de 1939 foi transferido. Faleceu em Joinville.

- Biografia de Sebastião Scarzello


4. Famílias itaperiuenses de origem italiana

1900-1910 
- Dal Ri 
- Sisti 

1910-1920 
- Delmonego (Del Monego) 
- Melchioretto 
- Piaz 
- Ronchi
- Tomaselli 

1920-1930 
- Cavilha (Caviglia) 
- Caviquioli (Cavicchioli)

1930-1940
- Alquini (Alchini)
- Brunhago (Brugnago)
- Feminella
- Gastaldi
- Pauli 

1940-1950
- Battisti
- Marangoni 

1950-1960
- Bortoluzzi
- Buzzi
- Catafesta
- Maiochi
- Zanluca

Após 1960
- Borinelli
- Demarchi
- Deretti
- Gadotti
- Gasperi
- Gobbi
- Lenzi
- Paternolli
- Raimondi
- Spezia
- Stival
- Stringari
- Tamasia
- Vavassori
- Zavaglia



Referências

OLIVEIRA, Didymea Lazzaris de. Por um Pedaço de Terra: Luís Alves. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí, 1997.